De hoje até amanhã (11 e 12 de julho), o setor sorveteiro gaúcho está concentrado em Lajeado, no Weiand Hotel, para mais uma edição da Jornada do Sorvete. Realizada pela Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis (Agagel), a programação que reúne palestras e exposição de fornecedores atraiu cerca de 200 empresários. Focados na melhoria de seus negócios e no desenvolvimento do setor, eles acompanharam três palestras na parte da manhã e dedicaram a tarde para conhecer as novidades de 41 expositores de máquinas, ingredientes, embalagens e outros insumos voltadas às indústrias sorveteiras. “É um grande evento que tem o objetivo de aproximar as empresas para troca de ideias e atualização. É dessa forma que vamos ter melhores resultados nos nossos negócios”, afirmou o presidente da Agagel, Vanderlei Bonfante.
Ademar Shardong abriu o ciclo de palestras trazendo uma análise histórica do desenvolvimento econômico no mundo desde 1870 e, a partir desse contexto, justificou a crise nacional observada há tantos anos: “Não é porque elegemos algum presidente errado. É porque a sociedade brasileira não definiu ainda que modelo de economia ela quer”. Segundo ele, o comércio internacional é o motor do desenvolvimento econômico e é nele que reside o maior gargalo do país: “Ou o Brasil sai desse 1,2% de comércio internacional ou esqueçam desenvolvimento”. Sobre a Reforma da Providência aprovada nesta semana, Shardong afirmou que mais do que importante, ela é determinante, porém não representa a solução dos problemas. Em termos de perspectivas, o profissional garantiu que elas são boas, pois os caminhos que o Brasil começou a trilhar possivelmente levam a um desenvolvimento sustentável, mas não a um crescimento de curto prazo. É nesse cenário que os empresários terão que trabalhar, ficando atentos às novas tecnologias e ao fato de que não terão incentivos públicos para produzir. Para ele, as organizações deverão apoiar suas atividades no ganho de produtividade e na atenção ao mercado e ao que efetivamente o cliente quer e pode pagar.
As vendas e a conquista de mercado ganharam ênfase com o administrador de empresas e mestre em marketing , Glenn Gomes. Na palestra “As novas relações de vendas em um mercado conectado” ele provocou a plateia a refletir sobre as formas de se relacionar com o público-alvo, considerando que embora a tecnologia esteja presente no cotidiano das empresas e pessoas, antigos conceitos seguem valendo. “A tecnologia já é pano de fundo, está presente em tudo e se torna extremamente usual. Então o desafio é compreender que muito do comportamento e das formas de se relacionar com o cliente seguem valendo, só que associado à tecnologia”. E advertiu: “tem muita gente se entregando para a mídia digital como se fosse resolver tudo, cuidado!”. Gomes observou que o que diferencia o passado do presente é o acesso que se tem à tecnologia, às organizações e informações de uma forma geral. O segredo está em redesenhar processos de venda, de relacionamento com os clientes e na inovação. “Muitas vezes o que falta é o retorno do olho no olho, do acolhimento. Temos que valorizar isso que algumas empresas de forma equivocada jogaram no lixo”.
Foi com o questionamento “A sua marca marca?” que Marcos Fábio Gomes Ferreira orientou os participantes a como construir marcas fortes, ressaltando que se trata de algo muito maior do que apenas propaganda: “Uma marca por si só não significa nada se ela não estiver repleta de suas atitudes e valores”. De acordo com ele, a marca precisa estar alinhada com os propósitos da empresa e para isso é necessário definir estratégias específicas para cada tipo de público, entendendo que o consumidor sempre vai escolher a marca que tem mais valor. “Preço é o que você paga, mas valor é o que você leva”, explicou. Trazendo isso para o setor sorveteiro, ele alertou que os produtores de sorvete ainda estão muito focados no funcionamento da indústria, mas que é a marca que garantirá a longevidade do negócio. Por isso a importância de se preocupar com marketing, identidade, stakeholders, valores e atitudes, vendendo felicidade, cultura e integração ao invés de apenas sorvete. Para finalizar, ele deixou a dica: “Se você não entender qual a sua identidade, não vai entender qual o seu valor. Nunca troque um propósito por uma proposta, se não vai morrer pelo preço”.
Negócios
Focados em fazer negócios, a Jornada do Sorvete atrai representantes de 41 empresas de produtos nacionais e importados. São expositores como a Thermomach, de São Carlos (SP), que além dos carrinhos de picolé, neste ano incremento u sua participação com máquinas para sorvetes. “Os equipamentos são um agregado a parte e as pessoas estão se interessando bastante, considerando que servem para pasteurização de sorvete até produção final de picolé”, comentou Jonas da Silva Miranda, que trabalha na parte de projetos da marca. A empresa também apresenta a opção de uma linha de triturador de açaí.
Já a SBR Flavors, de Rio Claro (SP), que está há um ano no mercado de sorvetes, estreou na Jornada. “A feira está sendo excelente, superando nossas expectativas. Para os clientes acredito que também, pois somos uma novidade no mercado”, declarou o gerente nacional de vendas, Welinton Oliveira. A aposta está na oferta de sabores que a maioria dos concorrentes não têm, como alfajor, cola e leite de coco.