Afinal o que é Governança Corporativa?

Segundo definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

Em palestras ou mesmo em conversas com clientes ou empresários interessados no tema, notei há muito tempo que esse é um conceito difícil de explicar. Muitas vezes observei certa decepção no rosto das pessoas ao explicar esse conceito. O motivo hoje me parece óbvio: ao ouvir aquelas palavras qualquer um pensaria, com certa dose de razão, “isso não é para mim” ou então “eu não preciso disso”.

Percebi então, que aquela é a maneira como advogados, administradores e contadores enxergam a coisa. Mas do ponto de vista do empresário isso não interessa. Se estivesse eu no lugar do empresário o que iria querer saber é: mas afinal, o que eu ganho com isso?

A partir desta reflexão vi que era necessário criar outra conceituação que partisse do ponto de vista do empresário, fosse fácil de entender e adequado a negócios familiares rurais de médio e grande porte. Partindo destas premissas, o  conceito é o seguinte: governança corporativa são regras e práticas que aplicadas em um negócio visam lhe proporcionar 1) economia de tributos; 2) prevenção de conflitos; 3) proteção de patrimônio.

Esse conceito pareceu mais interessante e adequado. Afinal de contas todo mundo quer pagar menos impostos e preservar o patrimônio, e ninguém quer conflitos na família. Tudo isso visa, em outras palavras, encaminhar a preservação dos negócios familiares.

Normalmente essa conceituação é suficiente para despertar o interesse, e as pessoas entenderem que existem alternativas seguras e viáveis que dependem de uma atitude pró-ativa da família, notadamente dos patriarcas ou daqueles que exercem papel de liderança no negócio.

Entretanto, o grande problema não é conscientizar as pessoas ou fazer-lhes entender o problema. A maior dificuldade é retirar as pessoas da inércia, pois apesar de reconhecerem a importância deste assunto (e de outros tão importantes quanto), raramente ele é urgente, e normalmente quando se torna urgente já não há mais o que fazer. É preciso inverter essa lógica!

Para esses são válidas as palavras de Dwight D. Eisenhower, general de cinco estrelas do Exército Americano que se tornou o 34º presidente dos EUA em 1953. A ele é atribuída a seguinte frase: “O que é importante é raramente urgente, e o que é urgente é raramente importante”. Quem não consegue fazer o importante por causa do urgente deve rever a maneira como administra seu tempo e rever suas prioridades.

 

Ricardo Paz Gonçalves
Diretor da Affectum Auditores e Consultores